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O impacto da arte no cérebro e na saúde mental

Foto do escritor: Ethos PsiquiatriaEthos Psiquiatria



Desde os primórdios da humanidade, a arte tem desempenhado um papel fundamental na expressão e conexão humanas. Qualquer forma de autoexpressão, seja através da pintura, música, dança ou escrita, é capaz de criar uma sinfonia complexa de emoções, percepções e respostas neurais que moldam a nossa mente e o nosso bem-estar.


A exposição à arte eleva os níveis de serotonina, melhorando o humor e proporcionando uma visão mais positiva da vida. Além disso, a arte pode melhorar a concentração e a memória, demonstrando seu impacto abrangente no sistema nervoso.


Imagine dedicar 45 minutos do seu dia a um projeto artístico. Esse simples ato pode reduzir significativamente os níveis de cortisol, o hormônio do estresse. Além disso, participar de uma experiência artística por mês pode prolongar a vida em até dez anos. Isso acontece porque a arte aumenta a neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de se reorganizar formando novas conexões neurais. Ela também melhora a sensibilidade sensorial e a capacidade de foco, explorando os 95% do nosso cérebro que operam de maneira inconsciente.


No entanto, os benefícios da arte vão além da redução do estresse e do aumento da neuroplasticidade. Em pacientes com demência, por exemplo, a música pode ser um poderoso catalisador para evocar lembranças e conexões emocionais. 


O caso de Marta González, uma bailarina aposentada com Alzheimer, ilustra isso perfeitamente. Mesmo confinada a uma cadeira de rodas, ao ouvir a música que costumava dançar, ela consegue se lembrar dos passos e recriar movimentos de sua época como bailarina.


Além dos benefícios emocionais, a arte também tem um impacto positivo na cognição. Atividades como a modelagem com argila, leitura e escrita não só melhoram as habilidades cognitivas, mas também aumentam as sinapses e a massa cinzenta do cérebro. Pessoas que integram a música ou a poesia em suas rotinas diárias experimentam menores níveis de cortisol e maior produção de ocitocina, o hormônio do bem-estar.


Com o avanço da tecnologia, novas formas de integrar arte e saúde têm surgido. Exposições imersivas e interativas em realidade virtual, por exemplo, têm mostrado fortalecer a cognição e a memória, dissolvendo as fronteiras entre a arte e os espectadores. Essas experiências inovadoras demonstram o potencial da arte em proporcionar novas possibilidades terapêuticas.


Outro aspecto fascinante da relação entre arte e cérebro é o estado de fluxo criativo, especialmente em músicos experientes. Durante a improvisação, esses músicos entram em um estado de fluxo caracterizado pela redução da atividade no córtex pré-frontal, permitindo que redes especializadas operem com menos supervisão consciente. Esse estado é alcançado através de prática intensa e a capacidade de "deixar ir".


A estética e a apreciação artística também ativam áreas cerebrais relacionadas à recompensa e ao prazer, como o córtex orbitofrontal medial. Experiências estéticas, como visitar museus, podem ser ferramentas valiosas para promover o bem-estar psicológico e físico.


A arte não é apenas uma forma de expressão criativa, mas também uma poderosa ferramenta para melhorar a saúde mental e o funcionamento cerebral. Integrar a arte em nossas vidas pode nos ajudar a explorar seus inúmeros benefícios, promovendo um bem-estar duradouro e uma melhor qualidade de vida.




Referências

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