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Foto do escritorEthos Psiquiatria

Preso comum em SP, Maníaco do Parque tem psicopatia nunca tratada

O nosso sócio-diretor Dr. Thiago Fernando da Silva concedeu entrevista ao portal Metrópoles sobre o caso do Maníaco do Parque.


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Condenado a quase 270 anos de prisão pelo assassinato de sete mulheres, crimes ocorridos na década de 1990, Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque, cumpre pena como um presidiário comum, apesar de ser diagnosticado com psicopatia.


A lei brasileira não permite que penas — em regime fechado — ultrapassem 30 anos. Portanto, o assassino em série pode sair da cadeia a partir de 2028, justamente por ser tratado como um “preso comum”.


“Ele está fechado [preso] esse tempo todo [26 anos] sem tratamento, com possibilidade de que seu quadro tenha piorado. Há um risco enorme de ele voltar a cometer novos delitos”, afirmou ao Metrópoles o médico psiquiatra Thiago Fernando da Silva, do Núcleo de Psiquiatria Forense e Psicologia Jurídica, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

O especialista acrescentou que,  apesar de Francisco de Assis apresentar diversas alterações psiquiátricas, apontadas pelos especialistas que o avaliaram, isso não foi levado em consideração pela Justiça. “O que acho que foi um erro muito grande”, destacou.

Thiago Fernando afirmou ainda que o maníaco apresenta sintomas clássicos de pessoas consideradas clinicamente como psicopatas, como “charme superficial, superestima, mentira patológica, manipulação e insensibilidade afetiva muito grande”.


“Se isso tivesse sido considerado, na ocasião do julgamento, poderia ser oferecido um tratamento para ele, para diminuir os sintomas de impulsividade”, destacou o médico, acrescentando não existir cura para o transtorno, mas que o tratamento poderia minimizar comportamentos perigosos de Francisco, garantindo com isso a segurança de outras pessoas.

“Charme superficial”


O charme mencionado pelo especialista era usado pelo maníaco para se aproximar das vítimas, seduzi-las e levá-las até uma área de mata, no Parque do Estado, zona sul paulistana, onde os assassinatos ocorreram — e também contribuindo para Francisco ficar conhecido como o Maníaco do Parque.


Por causa da condição clínica de Francisco, pesquisadores o procuraram para entrevistá-lo, durante o cumprimento de sua pena, para realizar estudos de caso com ele.


Um deles foi a médica Hilda Morana, que por seis vezes entrevistou Francisco de Assis na Penitenciária de Itaí, interior paulista, entre 2004 e 2005, para incluir o relato do maníaco em sua tese de doutorado na USP.


À médica, em uma das entrevistas, o Maníaco do Parque afirmou não se arrepender pelos crimes cometidos.

“Se eu disser ‘estou arrependido do que fiz’, seria mentira, não estou arrependido”, afirmou o maníaco, que segue: “Depois [dos crimes], eu voltava para casa como se nada daquilo tivesse acontecido, mas, quando ocorria, eu chorava muito. Eu senti arrependimento, mas, ao mesmo tempo, era um arrependimento falso, pois, se fosse verdadeiro, eu não teria repetido duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito vezes”.


Francisco de Assis admitiu a autoria de 11 assassinatos e foi condenado por sete deles.

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