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Questões Éticas da Tecnologia e Digitalização em Psiquiatria

Na última semana, foi lançado pela Editora Manole o livro IA na Psiquiatria: Como a tecnologia pode ajudar no diagnóstico e no tratamento dos transtornos mentais - editado pelo Dr. André Russowsky Brunoni, Professor Associado do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).


O Dr. Thiago Fernando da Silva, nosso sócio-diretor, assina um capítulo desse livro chamado Questões Éticas da Tecnologia e Digitalização: Um Panorama Completo. Listamos abaixo alguns dos pontos-chave sobre o tema. Ao final, você encontrará mais informações sobre o livro.





Questões Éticas da Tecnologia e Digitalização


A tecnologia e a digitalização têm transformado o mundo de maneira extraordinária, proporcionando avanços significativos em diversas áreas, incluindo a saúde mental. No entanto, esses avanços também levantam questões éticas fundamentais que precisam ser abordadas para garantir que as novas tecnologias sejam utilizadas de forma justa e equitativa. 



Neurodireitos


A Associação Mundial de Psiquiatria destaca a psiquiatria digital como uma área prioritária para o século XXI, abrangendo desde o uso de smartphones e realidade virtual até a coleta e análise de big data e inteligência artificial. Apesar das promessas, é crucial considerar os limites e os aspectos éticos dessas tecnologias para garantir o melhor cuidado aos pacientes e promover uma sociedade mais justa.



Neuroética


A neuroética, campo que analisa as implicações éticas dos avanços no estudo do cérebro, é fundamental para compreender os riscos e benefícios das neurotecnologias. Um dos maiores desafios é garantir o acesso equitativo a essas tecnologias, respeitando princípios de justiça e equidade. Nesse contexto, o Chile foi o primeiro país a aprovar uma emenda constitucional para proteger os neurodireitos, seguido pelo Brasil, que propôs uma reforma constitucional semelhante.

Os cinco neurodireitos propostos são:


  1. Direito à privacidade mental: Proteção dos dados da atividade cerebral sem consentimento.

  2. Direito à identidade pessoal: Neurotecnologias não devem alterar o sentido do eu.

  3. Direito ao livre-arbítrio: Decisões devem ser tomadas livremente, sem manipulação neurotecnológica.

  4. Direito ao acesso equitativo às neurotecnologias: Disponibilidade universal das melhorias cerebrais.

  5. Direito à proteção contra os vieses: Prevenção da discriminação baseada em dados neurotecnológicos.



Privacidade Mental


O conceito de privacidade mental é crucial para proteger indivíduos contra a intrusão não consentida em suas informações mentais. Com o avanço tecnológico, há riscos de acesso não autorizado a informações confidenciais, como senhas ou dados pessoais, utilizando dispositivos de interface com o cérebro. A proteção da privacidade mental é essencial para garantir a liberdade e a autonomia dos indivíduos.



Identidade Pessoal


A identidade pessoal, formada por memórias, desejos e características de personalidade, é central para nossa existência. Neurotecnologias que modulam o funcionamento cerebral podem alterar essa identidade, trazendo benefícios, como no tratamento de transtornos obsessivo-compulsivos, mas também riscos significativos. Estudos mostram que pacientes submetidos a neuroestimulação podem sofrer alterações profundas em sua identidade, o que levanta questões éticas sobre a aplicação dessas tecnologias.



Livre-Arbítrio


A questão do livre-arbítrio, a capacidade de escolher autonomamente entre diferentes ações, é central para a ética e o direito. Neurotecnologias que medem e modificam o funcionamento cerebral podem afetar essa capacidade, levantando preocupações sobre a autonomia dos indivíduos após intervenções tecnológicas. Estudos mostram que a estimulação cerebral profunda pode interferir na tomada de decisões, aumentando a impulsividade e alterando comportamentos, o que tem implicações éticas e jurídicas significativas.



Acesso Equitativo às Neurotecnologias


A melhoria das capacidades cerebrais deve estar disponível para todos, não apenas para uma elite privilegiada. Em contextos de desigualdade social, as neurotecnologias podem compensar transtornos neuropsiquiátricos prevalentes em populações de baixo nível socioeconômico. É essencial uma regulação forte e transparente para garantir o acesso equitativo e prevenir o uso inadequado dessas tecnologias, especialmente em ambientes militares.



Viés Algorítmico


Os vieses nos algoritmos utilizados por neurotecnologias podem levar à discriminação de grupos vulneráveis. É fundamental identificar e remover esses vieses para garantir que as tecnologias sejam justas e inclusivas. Estudos mostram que pacientes não-brancos têm menos acesso a tratamentos avançados como a estimulação cerebral profunda, evidenciando a necessidade de políticas que promovam a equidade.




Conclusão - As questões éticas da tecnologia e digitalização são complexas e multifacetadas. Garantir que as neurotecnologias sejam utilizadas de maneira justa e equitativa é um desafio que requer a colaboração de profissionais de saúde, juristas, eticistas e a comunidade internacional. Protegendo os neurodireitos e promovendo a justiça e a equidade, podemos aproveitar os benefícios dessas tecnologias ao mesmo tempo em que minimizamos os riscos associados.



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Sobre a publicação


IA na Psiquiatria: Como a tecnologia pode ajudar no diagnóstico e no tratamento dos transtornos mentais - edição de André Russowsky Brunoni - Editora Manole Saúde; 1ª edição (31 maio 2024)


Dr. André Russowsky Brunoni: Professor Associado do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Chefe do Grupo de Psiquiatria Intervencionista do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP (IPq-HC-FMUSP). Editor da área de Psiquiatria da revista Brain Stimulation e editor-chefe do Brazilian Journal of Psychiatry.


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Na interseção entre tecnologia e saúde mental, IA na Psiquiatria: como a tecnologia pode ajudar no diagnóstico e no tratamento de transtornos mentais é uma obra inovadora, que abre novos horizontes na compreensão e no tratamento dos transtornos psiquiátricos. Além de explorar os fundamentos da inteligência artificial (IA), este livro detalha os modos como sua aplicação pode revolucionar a prática psiquiátrica, oferecendo diagnósticos mais precisos, tratamentos personalizados e monitoramento em tempo real dos pacientes.

Com contribuições de especialistas na área, abrange desde a teoria por trás das tecnologias de IA até estudos de caso e análises éticas de seu uso na psiquiatria. Os autores discutem as promessas e os desafios dessa integração, incluindo questões de privacidade, segurança dos dados e o futuro papel dos profissionais de saúde mental.

É conteúdo essencial para psiquiatras, psicólogos, estudantes de medicina e qualquer pessoa interessada em saber como a tecnologia pode ser usada para melhorar o bem-estar mental. Ao fornecer uma visão abrangente sobre os avanços recentes e as possíveis futuras aplicações da IA na área da saúde mental, o livro busca não apenas informar, mas também inspirar inovações que podem transformar vidas.




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