
Você já parou para pensar como as relações afetivas que construímos ainda na infância influenciam o resto de nossas vidas? Como as formas que nos relacionamos com os outros têm raízes profundas em nossas primeiras experiências de apego? A Teoria do Apego, desenvolvida por John Bowlby, propõe justamente isso: os vínculos que formamos com nossos cuidadores, desde bebês, são fundamentais para nosso desenvolvimento emocional e social.
A teoria de Bowlby afirma que o apego é uma necessidade biológica, algo instintivo, fundamental para a sobrevivência dos seres humanos.
“De acordo com Gomes e Melchiori (2012), o apego é uma forma de garantir que a criança permaneça perto da figura de apego, geralmente a mãe, garantindo segurança emocional e física”.
Isso significa que, desde que nascemos, buscamos uma base segura, uma pessoa que nos proporcione acolhimento, amor e proteção. Quando essa figura está presente de forma constante e atenta, a criança sente-se segura para explorar o mundo, criando a confiança necessária para interagir com o ambiente ao seu redor.
Além disso, a teoria do apego não se limita apenas à primeira infância.
De acordo com Bowlby, as experiências de apego inicial formam o que ele chamou de “modelos internos de funcionamento”, ou seja, padrões de pensamento e comportamento que influenciam nossas interações ao longo da vida.
Como você imagina que seria sua vida amorosa se, no fundo, você tivesse a sensação de que o amor pode não ser confiável? Talvez a busca por relacionamentos seguros se tornasse mais difícil, não é mesmo? Isso é exatamente o que a teoria do apego nos alerta: como os padrões emocionais podem se manter ao longo dos anos.
Dentro dessa teoria, há quatro tipos principais de apego que se manifestam nas crianças e impactam seus comportamentos à medida que crescem. São eles: apego seguro, apego inseguro-evitativo, apego inseguro-ambivalente e apego desorganizado. “De acordo com Ramires e Schneider (2010):
Apego inseguro-evitativo Aqui, a criança tende a se afastar das figuras de apego, evitando pedir ajuda, mesmo quando se sente insegura. Isso acontece quando os cuidadores não respondem de maneira consistente às suas necessidades. Esse padrão pode levar a dificuldades em confiar nos outros ao longo da vida.
Apego inseguro-ambivalente, A criança demonstra comportamento contraditório: ela busca proximidade intensa, mas também pode se frustrar quando as necessidades não são atendidas. Isso ocorre em situações onde a figura de apego é inconsistente, o que leva à insegurança nas relações.
Apego desorganizado A criança apresenta comportamentos confusos em relação à figura de apego, muitas vezes devido a experiências traumáticas ou comportamentos imprevisíveis dos cuidadores. Isso pode gerar um impacto negativo duradouro, dificultando a formação de vínculos estáveis na vida adulta.
De acordo com Gomes e Melchiori (2012), os tipos de apego se formam a partir das interações iniciais da criança com seus cuidadores e afetam diretamente como ela lidará com suas relações no futuro. Crianças com apego seguro são mais propensas a desenvolver uma autoestima positiva e vínculos saudáveis, enquanto aquelas com apego inseguro podem ter dificuldades em confiar nos outros ou em se relacionar de maneira equilibrada. Esses padrões emocionais que nascem na infância, de fato, podem seguir conosco ao longo da vida.
Entender a Teoria do Apego nos ajuda a perceber que a construção de relações saudáveis começa desde a infância, mas também é possível ressignificar esses padrões na vida adulta.
Fonte: GOMES, A. A.; MELCHIORI, L. E. A teoria do apego no contexto da produção científica. Cultura Acadêmica, 2012. Disponível em: <https://www.santoandre.sp.gov.br/pesquisa/ebooks/412180.pdf>